Chile quer dobrar o consumo de vinho dos brasileiros até 2025

Segundo presidente da Wines of Chile, as operações das vinícolas chilenas estarão focadas para o mercado brasileiro nos próximos nove anos.


Ainda que o consumo de vinhos seja considerado pequeno no Brasil, com uma média de dois litros por ano contra 17,4 litros no Chile e 23,46 litros na Argentina, segundo o Wine Institute, o país é um dos principais importadores de vinho da América do Sul. A estabilidade do mercado interno da bebida e a possibilidade de crescimento atraiu a atenção dos produtores chilenos. De acordo com Mario Pablo Silva - presidente da Wines of Chile, associação responsável por divulgar os vinhos chilenos para o mundo - o Brasil será a prioridade para a venda do produto nos próximos nove anos.

O Brasil é um dos principais mercados para o vinho chileno, ao lado dos Estados Unidos e da China. De acordo com Silva, 59% dos vinhos consumidos no país são domésticos e 41%, importados. Desses últimos, 53% são do Chile, que ocupa o primeiro lugar à distância, pois, em seguida, está a Argentina com 18% das garrafas importadas.

Silva, que representa mais de 90 vinícolas do país, afirmou, durante a sexta edição do Tasting Wines of Chile de São Paulo, realizado no dia 3 de agosto em São Paulo (SP), que os produtores chilenos irão se esforçar para que o brasileiro dobre a quantidade de vinho que consome até 2025. "Com uma fatia tão representativa, nós não podemos deixar o Brasil de lado. E para aumentar os nossos resultados aqui, vimos que só havia duas opções. Ou teríamos que aumentar nossa participação no mercado, que já é grande, ou precisamos aumentar o consumo de vinho do brasileiro. Escolhemos o segundo", diz.

A relevância do Brasil no mercado de vinhos vem da sua grande população, que alavanca os números absolutos de garrafas vendidas. Além disso, o vinho já mostrou ser um produto capaz de sobreviver a períodos de crise com resultados positivos e constantes. Em 2015, por exemplo, segundo levantamento do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), as vendas de rótulos finos no país apresentou crescimento de 2,6% em relação a 2014, mesmo com todo o contexto de instabilidade daquele ano.

O presidente da Wines of Chile conta que está sendo preparada uma série de atividades de divulgação e degustação dos vinhos chilenos no Brasil. "Nós queremos acostumar o paladar do brasileiro com os nossos vinhos, ao mesmo tempo em que mostramos como o consumo da bebida faz bem para a saúde", afirma. Outro aspecto que o presidente ressalta é a preocupação dos vinhos chilenos com a sustentabilidade. Criado em 2012, o Certificado de Sustentabilidade da associação garante aos consumidores que a vinícola realiza uma série de práticas positivas para o ambiente e para a sociedade.

Segundo Silva, para ganhar o cerificado, a vinícola deve mostrar dedicação na preservação dos recursos naturais e controle de pragas sem a presença de agrotóxicos nos parreirais, além de preocupação com a eficiência energética, a economia de água, em manter um baixo índice de poluentes e em aproveitar o lixo produzido na atividade. Também é avaliado se a empresa se esforça para criar relações harmoniosas com seus trabalhadores e a comunidade que vive próxima à vinícola.

"Atualmente, além de um produto de boa qualidade, o consumidor também se preocupa com a origem da bebida e todo o contexto de sua produção. Por isso, acreditamos que isso será um diferencial a favor do vinho
chileno", disse o presidente.